21.2.13

Era uma mensagem para o meu amor. Mas ele não existe.
Aline F.

20.2.13

O que me deixa pálida, sem alegrias por baixo da pele, é o vão.

Há entre as pessoas enormes abismos. Cada um é uma montanha de símbolos, sentimentos e histórias. Relaciona-las é como construir uma ponte que ligue um abismo a outro, mas isso não pode ser feito apenas por um.

A solidão que vivo me faz observar as relações deste tempo. E sempre penso que eu poderia ter uma boa relação, sem desrespeito, com verdade, com compreensão... Mas não percebo essa chance em nenhum momento.

Quando um homem diz que gosta de mim, não significa que ele se importa comigo sempre. Quando um homem diz que me ama, sei que mesmo que ele não se importe sempre, ele tenta e se eu precisar ele vai se esforçar.

Eu queria mesmo ter um companheiro. Assim eu não precisava medir a minha paixão, a minha admiração, a nossa relação. E eu gosto muito das coisas desmedidas, sentidas como são, sem rotular, sem esconder.

Quando estou me relacionando com um homem que não está disposto a ser meu companheiro sou obrigada a jogar o jogo do “não sei”. Não sei dele, por onde anda, o que faz... Não sei o que ele sente, até que ponto me admira... Não sei se lhe faço bem... Não sei se é apenas cômodo... Não sei se a relação é intensa... Não sei se posso escancarar a paixão até ela se transformar em amor... Não sei o que dizer, quando dizer, como dizer... Não sei.

27, quase 28 anos e as pessoas me perguntam se eu quero ter um filho. Acho que essa é uma vontade que nasce de dois, de um par. É eu penso assim. Criar alguém sozinha seria enlouquecedor para a criança... Cresceria para sempre só com a minha opinião. Claro que isso não é um pensamento com base na família contemporânea em que as crianças são criadas em creches enquanto as mães solteiras trabalham e etc e etc. Esse é um pensamento meu. Construído dentro de mim. Sem hipocrisia é o que eu, mulher, artista, feminista, solitária, sinto.

Quando chego em casa queria ter alguém aqui pra jantar comigo e pra tomar café e almoçar. Alguém que leia um livro enquanto eu lavo a louça, que faça a comida enquanto eu tomo banho, que me ajude a carregar as compras do supermercado, que ajude a aquecer essa imensa cama de casal.
Tenho uma cama de casal que não me serve. Não sou um casal. Se quer sou parte de um.
Eu tenho um relacionamento com um rapaz, há alguns meses. Ele é muito do que eu espero de alguém para estar ao meu lado. Mas ele não quer exatamente ficar ao meu lado. “Não sei” o que ele quer. Ele não me dá tanto espaço para que as coisas entre nós caminhem. Ele me trata como uma amiga, confidente. Acho que há desejo, cumplicidade e desapego... Aliás, “não sei” se existem mesmo ou se são fruto da minha imaginação.


Sinto-me a vontade pra falar sobre quase tudo com ele. Menos sobre isso. E esse é exatamente o maior problema da minha vida, a solidão. É isso que me desestabiliza para todo o resto... Penso que se eu ficar falando sobre isso com ele vai parecer cobrança e se ele se sentir cobrado irá embora de vez. Não gosto de cobrar ninguém... Sempre acredito que as coisas acontecem conforme a natureza. Talvez o erro seja esse, mas acho que não vou mudar, não vejo sentido.