Ano
passado e em alguns outros anos, na data do meu aniversário, acordava e dava de
cara com algum bilhetinho ou cartaz da minha mãe me parabenizando e dizendo maravilhas,
coisas do tipo: “É melhor ser feliz do que estar certa”.
Esse
ano, morando sozinha na casa nova, já sabia que não haveria bilhetes para
esbarrar pela manhã. Acordei, levantei e fui trabalhar. Foi um dia calmo, com
algumas mensagens, uns poucos abraços, em muitos momentos eu até me esqueci de
que era meu dia, meu aniversário.
E foi
assim, distraída que já de volta do trabalho, girei a chave da porta, girei a maçaneta,
empurrei a porta e BUM! Deparei-me com um cartaz que dizia sorridente “te amo”.
Não, não era um cartaz/bilhete da minha mãe e eu já sabia, pois ao lado das
palavras pousava uma borboleta de plástico batendo lentamente as asas enquanto
balançava a cabeça num loiro ritmo black power de seda.
Depois
do delicioso susto, parecia que tudo se misturava, e entrando em casa percebi
que estava repleta, a casa e eu. A casa com muitos cartazes, bilhetes, doces e
borboletas, eu com amor e lembranças. As borboletas foram aparecendo uma a uma,
ou duas de cada vez, exatamente como as coloco em cena durante a ba.bi.lô.nia,
e parece que senti a mesma emoção radical de que há esperança, há amor, há
alegria, tudo naquele momento, junto com minhas lágrimas, ao avistar a
cena/instalação/presente/carinho.
Quando
parei de misturar tudo e voltei a realidade, pois era hora de ir trabalhar mais
uma vez, não conseguia entender como as bonecas que eu ajudei a fazer e que
conheço muito bem há praticamente dois anos, podiam me causar tanta coisa de
repente, num momento? Isso sim foi surpresa. Daí pensei que eu já deveria
esperar uma coisa dessas da Juh Araujo, uma artista que reencanta tudo que toca
e que consegue ter dentro de si ao mesmo tempo e bem dispostas cores neon e tom
pastel.
Aline F.