20.12.12

Certezas.

Certezas.
Aquela conversa quase dormindo, sobre nada importante, as 3 da madrugada.
Cafuné pra sarar.
O silêncio na fila do supermercado.
Inúmeras histórias.
Ombro encostado no queixo encostado no ombro encostado no queixo.
Adoráveis de repentes.
Uma surpresa engraçada, uma piada.
Descoberta de esquisitices iguais.
Companhia.

Aline F.

29.11.12

Para quem já viu a ba.bi.lô.nia: A cena do avesso.



Ano passado e em alguns outros anos, na data do meu aniversário, acordava e dava de cara com algum bilhetinho ou cartaz da minha mãe me parabenizando e dizendo maravilhas, coisas do tipo: “É melhor ser feliz do que estar certa”.

Esse ano, morando sozinha na casa nova, já sabia que não haveria bilhetes para esbarrar pela manhã. Acordei, levantei e fui trabalhar. Foi um dia calmo, com algumas mensagens, uns poucos abraços, em muitos momentos eu até me esqueci de que era meu dia, meu aniversário.

E foi assim, distraída que já de volta do trabalho, girei a chave da porta, girei a maçaneta, empurrei a porta e BUM! Deparei-me com um cartaz que dizia sorridente “te amo”. Não, não era um cartaz/bilhete da minha mãe e eu já sabia, pois ao lado das palavras pousava uma borboleta de plástico batendo lentamente as asas enquanto balançava a cabeça num loiro ritmo black power de seda.

Depois do delicioso susto, parecia que tudo se misturava, e entrando em casa percebi que estava repleta, a casa e eu. A casa com muitos cartazes, bilhetes, doces e borboletas, eu com amor e lembranças. As borboletas foram aparecendo uma a uma, ou duas de cada vez, exatamente como as coloco em cena durante a ba.bi.lô.nia, e parece que senti a mesma emoção radical de que há esperança, há amor, há alegria, tudo naquele momento, junto com minhas lágrimas, ao avistar a cena/instalação/presente/carinho.

Quando parei de misturar tudo e voltei a realidade, pois era hora de ir trabalhar mais uma vez, não conseguia entender como as bonecas que eu ajudei a fazer e que conheço muito bem há praticamente dois anos, podiam me causar tanta coisa de repente, num momento? Isso sim foi surpresa. Daí pensei que eu já deveria esperar uma coisa dessas da Juh Araujo, uma artista que reencanta tudo que toca e que consegue ter dentro de si ao mesmo tempo e bem dispostas cores neon e tom pastel.


Aline F.


6.8.12

Casa

Hoje na aula de música para o 5º ano B eu me lembrei disso:

Paredes cor de rosa, rosa claro
Somente coisas importantes no armário
A janela fechada com cadeado é raro
E amanhã no momento certo pra ti eu abro

Doce de doce guardado pra comer de novo
E o toque e o grito e o ar de sorriso

Como se a liberdade só existisse na sua chave
E esse simples gesto fizesse ir além

Casa só minha
Pra ter você meu bem
Enfim sozinha,
Contigo e mais ninguém

Como a linha
Mais próxima do trem
Tão boazinha
Completamente zen

Aline F.
Afinal eu também já fui da quinta série.

25.7.12

22.7.12

Um dia normal ou a vez que um rato me destruiu


O subúrbio dos outros é amedrontador. Meu subúrbio, minha periferia, meu bairro afastado do centro, é muito mais comum a mim e aos meus vizinhos, que já estão acostumados comigo, e eu com eles.

Claro que deixar um lugar onde você sempre esteve desde sempre é algo complexo e doído, mas tudo me parecia suportável até que cai do salto, derrubada por um rato.

Meu pulo estava alto, um salto perfeito, mas o roedor já mencionado acentuou o significado da palavra solidão me puxando para o fundo do poço.

Tem gente que acha que já sentiu de tudo, mas até os medos tem sabor diferente conforme a situação. O impacto da queda gerou dores nas veias dos olhos e em certos pontos da coluna e do quadril.

A guerreira que vai às ruas gritar ou criar foi derrotada por um bicho pequeno em poucos segundos e arrasada me recordei agora de uma canção da Rita Lee, em que malucos afundam fragatas, mas tem medo de baratas e isso para mim deveria ser normal.

Acho normal sentir esse pavor e não querer ficar nesse lugar nunca mais. Normal ligar para pedir socorro, por não conseguir me mexer de tanto medo. Normal chorar como se tivessem arrancado um pedaço de mim a partir do momento que o vi fugindo para a cozinha. Normal sim, como uma touca com aba ou um tipo de rock sem guitarra, baixo ou bateria.

Aline F.
17/07/2012

Sem título


Meus olhos estão vermelhos
E eu nem sabia que de tanto chorar
Um olhar ficava assim, sangrando.
Eu estou de TPM.
Dessa vez sem pílulas azuis e brancas,
já há alguns dias sem as cor-de-rosa também...
Psicologicamente já sinto até as cólicas.

Desempregada, perambulando pra lá e pra cá, caçando uma inspiração de vida.

Ainda faltam cinco meses para o ano acabar.
Em épocas assim eu deveria ficar trancada numa jaula, que nem um lobisomem,
Eu poderia até ser uma atração de circo ou uma performer...
O fato é que minha falta de perspectiva seca minhas inspirações
E isso, claro, acentua na TPM.

É até engraçado: moças por aí gerando seus bebês, comprando seus lares, beijando seus pares e eu tentando persuadir meu pai a pagar minhas contas de telefone.

HOJE EU NÃO QUERIA EXISTIR.


Aline Fonseca
 28/07/2010